domingo, 29 de maio de 2011

O caderno preto [11-34]

O valor da pedra

O silvo da picareta
E a preta pedra estilhaça
A massa cede, respira
Estira a caverna, espaça

Suor no torso desnudo
Mudo a fitar chama fria
Vazia a mente tão bruta
Labuta, espaço cria

A ferramenta que cava
Trava na mão ofegante
Perante homem tão voraz
Jaz milionário diamante

Com uma expressão de gosto
No rosto, o colhe do chão
Então desata a sonhar
Com mar de camas e pão

Num movimento robótico
Neurótico, irracional
Tal jóia, em ato sem volta
Solta sobre um aguarral

ao vê-la ir, ele entende
Se a vende não vai voltar
ao lugar que é de seu fado
abandonado a cavar.

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