O poema que deixo aqui, depois de alguma pesquisa entre minhas antiguidades, foi escrito no ano passado, e é um surto de voracidade e ódio que me causou a memória de Camila, a odiada. De fato, essa menina inspirou boa parte de meus mais sanguinários e odiosos poemas. Mostrei para meu professor de literatura do cursinho, e ele me pediu para ler em voz alta para as cento e cinqüenta pessoas na classe. De fato me orgulho muito dessa produção estruturalmente perfeita, e conceitualmente idêntica aos meus sentimentos.
Peito aberto
Meus olhos quietos vomitam segredos
Únicos que sabem o que eu penso
Não se percebe, por dentro estou tenso
De resto o corpo opera sem medos
Minha mão dura segura um facão
Por dentro chora por fora mutila
Tripas irrompem, o sangue rutila
Ganem entranhas e banhas no chão
A obra acabada, a morta amada
Algo preservei enquanto feria
Apenas a face jaz intocada
Beijo-lhe a face de sangue encharcada
Não me arrependo, é o que ela queria
Disse antes morta do que namorada
Me sinto melhor. Agora é tirar o sangue do ombro e a Camila da cabeça, pois Mecânica A me aguarda e um 7 ou 8 cairia muito bem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário