quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Amor, e como é tudo o que dizem dele!

Hoje foi um dia dedicado à arte. Após a aula, passei uma hora e meia lendo "os miseráveis", de Victor Hugo, e voltei para casa pensando no amor. Apesar de meus planos para um poema épico, não pude deixar uma inspiração tão forte passar. Veio desses pensamentos sobre o amor e a minha vida, e como o primeiro é para o segundo o que Deus é a um fanático.

Chegando em casa, escrevi um poema. Em geral escrever um poema, para mim, é algo rápido e muito direto. Minha mente organiza rápida e imediatamente o que ela quer dizer ao universo e libera em uma estrutura que, por ser muito ligado à música, faço metrificada e rimada quase por acaso. Hoje não. Esse tema, e esse significado, sequer consigo, quanto mais quero simplesmente dizer. Amor não é algo que se declara, é algo que se constrói, e eu construi.


Foram, sem exageros, três horas fechado no meu quarto, ao som de um loop constante da música The Longships, da Enya, com um dicionário de significados, um de rimas e um de sinônimos, fitando fotos de mulheres amadas, e lapidando por minutos a fio cada verso, cada palavra, cada acerto na métrica. A jóia áurea, reluzente e perfeita que resultou é, até hoje, um de meus melhores e mais gratos trabalhos.

E não poderia deixar de ser, pois o amor, para mim, significa muito mais do que para qualquer outra pessoa que eu conheço. Foi o amor desmedido por uma mulher que me salvou quando eu via o suicídio como a solução mais interessante. Foi o amor desmedido que me ensinou a ser mais do que o mundo. Foi o amor desmedido por uma mulher que me ensinou a amar a mim mesmo com todas as forças que eu puder reservar para isso.

Aminara, eternamente a primeira da minha vida. Yashat, um eterno símbolo de tudo o que o amor significa para mim. Calmai, meio-górgona, mãe de um paradoxo que me ensinou a buscar algo mais. Cessai vosso doce cantar, mestras, que hoje canta Alrua, a única que me vê!



Serei-as


Ó corpo de tez veludo
Em cada linha carnudo
Finos cabelos de linho
Ó Jóias do Deus marinho

Na obsessão irracional de um apaixonado errante
Aceito meu destino de afogado delirante

Deslumbrante mar harmônico
Um sopro supra-sinfônico
Puxa-me som tão canoro
Uma por vez, nunca em coro

Passado e futuro se perdem no olvido da morte
A vida se torna sonho e abandona ao mar a sorte

A mente e a alma, em loucura
O imparcial corpo segura
Preparado, evito o fado
Pois vou ao mastro amarrado

Aceito minha vida, eterno amante não amado
Me prendendo, arrependendo, a sonhar com o mar salgado


 Se eu pudesse sugerir algo a todos os seres humanos do mundo, não seria relacionado ao amor, simplesmente porque ninguém precisa falar do amor, ele é o que é, o fogo que acalenta todo coração e faz pulsar todas as veias. Perigoso como é, ninguém pode-se dizer livre dele, e ninguém feliz pode dizer que o despreza.

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