Arisco
A poesia é um marisco!
Alusão difícil de tragar
Em tres partes simbióticas
unidas definido
O substrato
Rocha nua, científica
A vida ocasional do poema
é um respiro
no infinitóide ignéico
a pedra não é arte
a pedra não tem arte
a pedra arde
arfa, da parte
fio d'agua nutrida
visível apenas ao olho da carne
a concha
é meia coisa
que a meia concha
espelha a pedra
não farsa, paródia
em sua veia dura
estática, inerrática
cartesiana
não é antiga
não é ígnea
não subsiste
guarda
em seu cerne
a carne
carne fluída
fraca, hídrica
sobre o fosso de uma podridão mortal
válvula viva
soluçante
sinfona
sifona
a fome
suga o substrato
e subtrai-se
ao eterno ventre
eterno feto
que em anti-seta cronopórtica
devolve rocha a lava
concha a carne
homem a feto
e vive
simples, sombria
a alma de carne
que há na poesia!
Modus quer dizer modo, maneira, atitude, caráter; Vivendi quer dizer viver. Juntas, modus vivendi insinua uma acomodação na disputa entre partes para permitir vida em conjunto.
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
A uma grande amiga. Grande, e em expansão.
Irradiante
De um incêndio voraz
Na tampa da vida
Não perturba a paz
Mas a faz garrida
Do vermelho o gosto
Que o verde corrói
Lhe é na roda oposto
É a cor que destrói
Chora e cora a mata
Serpenteando agônica
Estala a chibata
De um incêndio voraz
Na tampa da vida
Não perturba a paz
Mas a faz garrida
Do vermelho o gosto
Que o verde corrói
Lhe é na roda oposto
É a cor que destrói
Chora e cora a mata
Serpenteando agônica
Estala a chibata
Crepitação sônica
Uma cinza filha
De um casal maldito
Fino plano de ilha
Paira no infinito
E quer arder, fogo
Olhos no horizonte
Onde arder é jogo
Sem verde que afronte
Demônio amazônico
Num verde de alma
Mas pouco e lacônico
Onde anjos tem calma
Em pírico enlaço
Com tua mãe bucólica
De parar o espaço
A arte simbólica
Teu pai é o arder
O fio da mudança
Não só por lazer
Por aventurança
No silêncio escuta
O anseio impassível
Do incêndio que luta
Por mais combustível
Te amam, te odeiam
O fogo que teima
Os juizos permeiam
"Me aquece! Me queima!"
O fogo vital
Não é a se julgar
Por bem ou por mal
Deverá queimar
E queima na pira
A boa, a má
Que beije, que fira
Que arda, Hannah!
Uma cinza filha
De um casal maldito
Fino plano de ilha
Paira no infinito
E quer arder, fogo
Olhos no horizonte
Onde arder é jogo
Sem verde que afronte
Demônio amazônico
Num verde de alma
Mas pouco e lacônico
Onde anjos tem calma
Em pírico enlaço
Com tua mãe bucólica
De parar o espaço
A arte simbólica
Teu pai é o arder
O fio da mudança
Não só por lazer
Por aventurança
No silêncio escuta
O anseio impassível
Do incêndio que luta
Por mais combustível
Te amam, te odeiam
O fogo que teima
Os juizos permeiam
"Me aquece! Me queima!"
O fogo vital
Não é a se julgar
Por bem ou por mal
Deverá queimar
E queima na pira
A boa, a má
Que beije, que fira
Que arda, Hannah!
Da minha força, e sua real forma
Este poema é um rascunho de um poema futuro, mas elaborado, sobre o tema. Por isso, é denotativo e vazio. Ainda assim, bonito. (E estou com fome, não consigo compor com fome, independente da inspiração)
Atmos fera
Força é meu nome
E seu significado é fluidez
Porque a mais indestrutível parede
É uma parede feita de ar
Lasque-se o aço!
Bate-a
E o ar se vai
Mas no instante de uma verdade
Estratosfericamente conexa
Está onde se foi
Volta antes de ir
E, no alívio molecular
De uma película
Nanométrica
De...
Não vácuo
Rarefação
Vácuo é um limite insano
Desumano
Queres mesmo
Demônio do mundo
Derrubar minha parede?
Fecha um universo
No universo
Com uma desesperança
Perfeitamente hermética
Perfeitamente
Hermética
E, com um cuidado brutal
Faz vácuo em mim
Tira-me tudo
Mas tudo!
Deixe um pouco
E é apenas uma rarefação
A parede ainda existe
Eu existo, rarefeito
Agora, tire tudo
E eu, ou qualquer coisa
Porque a mais indestrutível parede
É uma parede feita de ar
Lasque-se o aço!
Bate-a
E o ar se vai
Mas no instante de uma verdade
Estratosfericamente conexa
Está onde se foi
Volta antes de ir
E, no alívio molecular
De uma película
Nanométrica
De...
Não vácuo
Rarefação
Vácuo é um limite insano
Desumano
Queres mesmo
Demônio do mundo
Derrubar minha parede?
Fecha um universo
No universo
Com uma desesperança
Perfeitamente hermética
Perfeitamente
Hermética
E, com um cuidado brutal
Faz vácuo em mim
Tira-me tudo
Mas tudo!
Deixe um pouco
E é apenas uma rarefação
A parede ainda existe
Eu existo, rarefeito
Agora, tire tudo
E eu, ou qualquer coisa
Morre
A única coisa menor que eu
É o espaço vazio
Não o tempo
Porque com o tempo
Se sua desesperança, demônio
A única coisa menor que eu
É o espaço vazio
Não o tempo
Porque com o tempo
Se sua desesperança, demônio
Fizer um infimíssimo furo
Do tamanho yoctometrico
Do tamanho yoctometrico
De uma esperança
Minha parede de ar se regenera
Imediatamente
Lentamente menos rarefeita
E, acredite, não só o furo
Sua desesperança
Explodirá com a fúria de um Universo vingativo
A parede mais forte
Minha parede de ar se regenera
Imediatamente
Lentamente menos rarefeita
E, acredite, não só o furo
Sua desesperança
Explodirá com a fúria de um Universo vingativo
A parede mais forte
É a menor, por mais estável
A estabilidade além do ar
Uma parede de espaço
É o que eu almejo
É o que me falta
Que o espaço se torce, se tange, se muda
Mas não se rasga
Nunca
É o que eu almejo
É o que me falta
Que o espaço se torce, se tange, se muda
Mas não se rasga
Nunca
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
Um pequeno e não planejado estudo da solidão
Antes só
Tem pessoas do meu lado
Mas estou só, sem amigo
Porque eu estou com todos
Mas ninguém está comigo
O prazer da companhia
É a mentira da piada
Somos filmes um ao outro
Não irmãos na mesma estrada
Mas preciso, não de irmão
Só não vivo na cafua
A mim basta o amor estranho
Pelos passantes na rua
Tem pessoas do meu lado
Porque eu estou com todos
Mas ninguém está comigo
O prazer da companhia
É a mentira da piada
Somos filmes um ao outro
Não irmãos na mesma estrada
Mas preciso, não de irmão
Só não vivo na cafua
A mim basta o amor estranho
Pelos passantes na rua
Tem pessoas do meu lado
Mas estou só, e satisfeito
Entre os estranhos que eu amo
Entre os estranhos que eu amo
Me conheço um ser perfeito
segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
De um poeta que odeia as palavras
Ideal
A verdade
A verdade
É que o poeta despreza as palavras
Não as suporta, não as entende
A elas
Não se basta
O poema ama as idéias
Pentaconfluências de sentidos
Sensações
Aquilo
Não as suporta, não as entende
A elas
Não se basta
O poema ama as idéias
Pentaconfluências de sentidos
Sensações
Aquilo
Isto
Aqui
Mas como dar vida à idéia
A ideia calada é a idéia morta
A idéia vive
Terminal
Em consante hemodiálise de expressão
E é aí que o poeta
Que odeia as palavras, por serem vazias de idéias
Não tem escolha
Aqui
Mas como dar vida à idéia
A ideia calada é a idéia morta
A idéia vive
Terminal
Em consante hemodiálise de expressão
E é aí que o poeta
Que odeia as palavras, por serem vazias de idéias
Não tem escolha
Senão palavrear
Viver a idéia poética
Que não vive em silêncio
Nem está nas palavras
Mas come o vazio de ser citada
Sub-citada, mal referenciada
Nos versos tortos de um desejo de partilha
E a idéia poética nunca deixa a mente
Nunca parte a parte alguma
E o leitor, ah, o leitor!
Deve estar alimentando sua própria idéia
Que não vive em silêncio
Nem está nas palavras
Mas come o vazio de ser citada
Sub-citada, mal referenciada
Nos versos tortos de um desejo de partilha
E a idéia poética nunca deixa a mente
Nunca parte a parte alguma
E o leitor, ah, o leitor!
Deve estar alimentando sua própria idéia
Mas nunca terá a minha
Que as idéias não se entendem
Mas ainda assim
Conversam
segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
Um estudo sobre o poema que perdi.
Alma Raiada
Meu poema morreu
Duas vezes de fuzil
Não agonizou
O olho era firme
E o punho sempre aberto
Meu poema calou
O tiro saiu pela alma
E escapou da morte
Através da morte
Projétil duro
De um fuzil repressor
Voa no espaço, inercial
Rumo ao infinito que é morrer
Mas meu poema não morreu
Porque morreu
E a morte
Meu poema morreu
Duas vezes de fuzil
Não agonizou
O olho era firme
E o punho sempre aberto
Meu poema calou
O tiro saiu pela alma
E escapou da morte
Através da morte
Projétil duro
De um fuzil repressor
Voa no espaço, inercial
Rumo ao infinito que é morrer
Mas meu poema não morreu
Porque morreu
E a morte
É a cura do ferimento de bala
Meu poema não morreu porque morreu
Mas não morreu
Porque é poema
E poemas tem buracos para as balas passarem
Se não tiveram
Agora têm
E sangram
Meu poema não morreu porque morreu
Mas não morreu
Porque é poema
E poemas tem buracos para as balas passarem
Se não tiveram
Agora têm
E sangram
Mas sangue de poema não finda
Porque o poema não precisa de sangue
O poema não quer sangue
O poema não tem sangue
O poema é sangue
E é da natureza do que sangra ser poema
E do que é poema
Ouvir os estampidos
De mil soldado
Apontando mil fuzil
Para si mesmo
Pela ordem imperial
Segundo a qual
Homens morrem uma vez
Poemas morrem duas
Uma no homem
Outra no fuzil
E fuzis não morrem
Sangram pólvora
Bebem chumbo
Febris de metais pesados
Mas não morrem
Porque...
Não há porque
A natureza do fuzil
É o Universo
Se o fuzil morrer
O conceito de morte muda
Para o que não aconteceu com nenhum fuzil até hoje
No aleatório de uma bala perdida
Vale a pena poetizar?
O diria eu
Tudo vale a pena
Se a culatra não é pequena
Porque o poema não precisa de sangue
O poema não quer sangue
O poema não tem sangue
O poema é sangue
E é da natureza do que sangra ser poema
E do que é poema
Ouvir os estampidos
De mil soldado
Apontando mil fuzil
Para si mesmo
Pela ordem imperial
Segundo a qual
Homens morrem uma vez
Poemas morrem duas
Uma no homem
Outra no fuzil
E fuzis não morrem
Sangram pólvora
Bebem chumbo
Febris de metais pesados
Mas não morrem
Porque...
Não há porque
A natureza do fuzil
É o Universo
Se o fuzil morrer
O conceito de morte muda
Para o que não aconteceu com nenhum fuzil até hoje
No aleatório de uma bala perdida
Vale a pena poetizar?
O diria eu
Tudo vale a pena
Se a culatra não é pequena
domingo, 6 de janeiro de 2013
Me explico, novamente.
Iermanjá
Que a linha-fome se solda lasciva
Sobre si mesma em arco crescente
Meu pai estômago, a aura viva
Deste amor sacro e concupiscente
Os amores, sei os belos
Os futuros, sei os fartos
E não sei os por seios
No deserto de um herege casto
A bica láctea tangerá
Na areia mar, litoral vasto
Pelo perdão de Iermanjá
Certa vez eu disse
"Prefiro lamber o chão
Do que morrer de fome de sexo"
Pois é mais doce o chão que a ceia
Lembrai da gordura entre as carnes santas
Que Jesus, ao partir
Partiu a comida
E comeu
O mais grunho e feroz ato
De demolir matéria
Sugar o mundo, parasitar
É também de Deus
É também meu
Picar flor, gregorianamente
A prima voz do senhor
Também foi
"Frutificai
e multiplicai-vos"
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