segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O caderno preto [41-42]

Eu
Com meus poliamores
Gosto de fingir que não conheço Vinicius de Moraes

Porque antes de conhecer Vinicius de Moraes
Eu conheci o orgulho de poetizar
Sobre o amor eterno enquanto durar

Poetas não se gostam tanto
Quanto leitores gostam de poetas
Nada pessoal
Mas não há nada pior
Do que descobrir que sua arte nova
Tem precursor

Odeio me identificar com ele
Odeio ser comparado com ele
Mas aqui entre eu e este poema
Fico feliz em não ser o único

Talvez minhas sereias
Ao conhecerem meus tormentos de amor
Usem Vinicius
Para me desesdruxular em si mesmas
E se não puderem me amar
Que me respeitem

Um comentário:

  1. "Mas não há nada pior
    Do que descobrir que sua arte nova
    Tem precursor"

    ainda sim maneja as palavras, Guilherme, em sua "linguagem sua". a poesia te acomete com tamanha naturalidade, e vejo poeta - não mais pessoa, assim, prosaica - que por breve momento dá pra esquecer dos precursores.

    seus, meus, e nossos da humanidade linear.

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