quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Denúncia da razão sofista

Reflexões de um mundo de sabedoria

Pierapian
É um mundo
Em que tudo é feito de espelho

Quando foi criado
O mundo foi feito para ser
O mais claro, mais visível
Onde tudo o que se olha, se vê
Por isso Pierus, seu arquiteto
Tornou todas as superfícies
Espelhos perfeitamente lisos

Na grande inauguração do mundo
Quando a fita foi cortada
Uma embaraçosíssima realização:
Pierapian não tinha fonte de luz!

Imediatamente os convidados
Foram levados a um bufê
E enquanto isso, galopantemente,
Pierus construiu um imenso sol
Mal feito, mas forte, muito forte

Agora sim,
Agora enfim,
Pierapian seria um mundo perfeito
Tudo visível reluzentemente
Não haveria dúvida,
Angústia, incerteza, ignorância
Tudo seria óbvio e belo

A segunda inauguração
Estourou os limites do embaraçoso
E caiu sobre o desastroso
Pierapian refletia a luz do sol
Com uma ofuscância tamanha
Que Pierus e os convidados
Ficaram permanentemente cegos
Só de olhar

Num mundo de espelhos
Só de espelhos
Nada é visível, nada é claro
E nada que se olha, se vê
Uma forte luz artificial
É eternamente rebatida por corpos vazios
E quem tentar entender qualquer coisa
Será atirado na escuridão da cegueira
Resta saber
Que perfeição é equilíbrio

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