segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O caderno preto [39-42]

Poesia minha
Não diga que és a mim
Diz-me "sou outro"
A vagar por este espaço
E conta-me uma história
Que em vida nunca ouvi
E faz-me um carinho
Que de mim não recebi

Escrever
É fazer a estátua de alguém
Com a própria carne
Para que, por um segundo
Perca-se da própria solidão
E sinta-se como os que não escrevem
Sinta-se sintonizado

Sinta-se amado
E, mais importante,
Ame
Dê vazão a um amor
Barrado pela realidade
Recusado pela sociedade
Mas inevitavelmente sentido
Gritando nas veias
Escrever é explodir

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