Clepsidra de vácuo
Na noite trêmula de Poliana
Cacei uma rosa no jardim do espelho
Mas a rosa já não era uma rosa
Era uma insígnia de aço vermelho
No rosto doce da cuia vazia
Segui o caminho que já sei de cor
Mas o caminho não era caminho
Só a seca justante do meu suor
Pela escadaria de um beijo sozinho
Dancei com luzes numa espiral viva
Mas a tal vida não era mais vida
Era só um espelho feito de saliva
Dos rios estanques de tatos rugosos
Dos rios estanques de tatos rugosos
Saltei ao mar das imagens sem portos
Mas o que se diz mar não era mar
Era um balde de sonhos natimortos
Por todo o tempo que tive para ter
Nadando na eterna água, eu não sabia
Que aquela água nunca fora água
Que a clepsidra estava vazia
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