sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Angustia

Clepsidra de vácuo

Na noite trêmula de Poliana
Cacei uma rosa no jardim do espelho
Mas a rosa já não era uma rosa
Era uma insígnia de aço vermelho

No rosto doce da cuia vazia
Segui o caminho que já sei de cor
Mas o caminho não era caminho
Só a seca justante do meu suor

Pela escadaria de um beijo sozinho
Dancei com luzes numa espiral viva
Mas a tal vida não era mais vida
Era só um espelho feito de saliva

Dos rios estanques de tatos rugosos
Saltei ao mar das imagens sem portos
Mas o que se diz mar não era mar
Era um balde de sonhos natimortos

Por todo o tempo que tive para ter
Nadando na eterna água, eu não sabia
Que aquela água nunca fora água
Que a clepsidra estava vazia

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