domingo, 10 de julho de 2011

Jóia negra do meu passado

    Poetizar anda difícil. Peço desculpas a quem quer que venha a esta estrada deserta na madrugada ler meus poemas, mas o ócio é uma das poucas coisas sobre as quais não consigo escrever, justamente por causa dele. Por isso, vasculhei a pasta "poesia" por antiguidades. Me lembrei que já tive problemas muito maiores do que falta do que fazer. E fiquei impressionado com como um poeta nem sempre cresce quando envelhece. Quem dera ter conhecido a mim mesmo há três anos... Infelizmente eu estava ocupado sendo eu.

Necrose

O silencio de mil facas
Gelo e sangue, ardor
Pulso
Pulso
Pulso
O grito de um corte
Frio gelo morte
Vermelho e azul
Pulso
Pulso
Pulso
Mil facas no gelo
O peito gelado pesadelo
A dor não se pode querer que aumente
Só a dor se pode querer que pare
Pulso
Pulso
Pulso
Lento, congelo
Mil facas corte flagelo
Chaga ferimento punção
Pele, pulso e coração
Pulso
Pulso
Pulso
Lento afundo
Caio no mundo
Conforme a punctura
Comigo ruptura
Basta de ser
Pulso
Pulso
Pulso
O homem mais feliz do mundo
É o que não sente nada
Pulso
Pulso
Pulso
Eu, aberrante
Só no Ártico gritante
Corto carnes tortas
Caem mortas
Pulso
Pulso
Pulso
Nietzsche está morto
Freud, louco
Platão não vê senão escuridão
Que vida vai valer?
Pulso
Pulso
Pulso
Não basta o universo
Na fome profundo, imerso
Um corte abre a vida
O outro fecha o coração

Nenhum comentário:

Postar um comentário