Cisão
Como jovem pardalzinho
De asa maturada
Voa, meu poemazinho
Sua sorte está alçada
Agora liberto
Tímido e curioso
Voa maljeitoso
Tentando as alturas
E eu, balançando
Harmonicamente em meu galho
Choro uma lágrima de mãe pardal
Como se uma parte de mim
Agora não fosse mais eu
E o medo maduro
Da impotência minha
Perante esse poema-indivíduo
Balança harmonicamente
Sobre minha desarmônica mente
Mas se ele olha para trás
Viro a cara e me escondo
Voa, poeminha, voa!
Me perca de vista
No espaço do tempo
Vá passear pelas janelas
Ser alvo de amores e pedras
E, seja o que for
Seja o que é
O que um dia eu fui
Depois que eu não o for
Depois que eu nada for
Você baterá suas asinhas maduras
E piará a história
Nua e invasiva
Da casca que quebrou
Da mãe não mais viva
Do ovo que o gerou
Se o som soará ecoante
Reflexo em elípticos, elísicos espelhos;
Ou se, abafado e distante,
No aterro da arte será fio de cabelo
Eu, pardalzinho morto,
Não posso prever
Não vindo o anjo Gabriel
Nunca vou saber
Voa, pardalzinho, voa!
Deixa tua mãe morrer
E alça-te ao tudo-eternamente-feito
A única eternidade certa
Num mundo criativamente perfeito
E deixa a porta aberta
Que irmãos seus
Como estrelas nos céus
Virão te dar força
E compor, monísticos, contigo
A colorida sombra da minha vida
Numa existência por si só, a la Sartre-Nietzsche
E quando deste mundo eu me for
Virar só o carbono do pardal
Tudo o que fiz em vida, como ti, poema
No eterno me representará
Não faça fardo disto, porém
Te designo eterno pardal-filhote
Inocentemente a ser-te
Ser-me
Um germe do eterno jardim de mim
Tudo o que serei no eterno-feito
Agora vai
Voa, pardalzinho, voa
E faz seus filhos
Nos olhos do Argos-mundo
Ensina os pavões a voar
E alça-te ao tudo-em-que-há-beleza
A infinda rede que agrega
A Substância principal da Natureza
E do que não te-é te cega
Atinge o Ser
Mais do que ser
Premissa de toda arte
Ser feito perfeito
Para a finalidade de representar-te
Sua sorte está alçada
Agora liberto
Tímido e curioso
Voa maljeitoso
Tentando as alturas
E eu, balançando
Harmonicamente em meu galho
Choro uma lágrima de mãe pardal
Como se uma parte de mim
Agora não fosse mais eu
E o medo maduro
Da impotência minha
Perante esse poema-indivíduo
Balança harmonicamente
Sobre minha desarmônica mente
Mas se ele olha para trás
Viro a cara e me escondo
Voa, poeminha, voa!
Me perca de vista
No espaço do tempo
Vá passear pelas janelas
Ser alvo de amores e pedras
E, seja o que for
Seja o que é
O que um dia eu fui
Depois que eu não o for
Depois que eu nada for
Você baterá suas asinhas maduras
E piará a história
Nua e invasiva
Da casca que quebrou
Da mãe não mais viva
Do ovo que o gerou
Se o som soará ecoante
Reflexo em elípticos, elísicos espelhos;
Ou se, abafado e distante,
No aterro da arte será fio de cabelo
Eu, pardalzinho morto,
Não posso prever
Não vindo o anjo Gabriel
Nunca vou saber
Voa, pardalzinho, voa!
Deixa tua mãe morrer
E alça-te ao tudo-eternamente-feito
A única eternidade certa
Num mundo criativamente perfeito
E deixa a porta aberta
Que irmãos seus
Como estrelas nos céus
Virão te dar força
E compor, monísticos, contigo
A colorida sombra da minha vida
Numa existência por si só, a la Sartre-Nietzsche
E quando deste mundo eu me for
Virar só o carbono do pardal
Tudo o que fiz em vida, como ti, poema
No eterno me representará
Não faça fardo disto, porém
Te designo eterno pardal-filhote
Inocentemente a ser-te
Ser-me
Um germe do eterno jardim de mim
Tudo o que serei no eterno-feito
Agora vai
Voa, pardalzinho, voa
E faz seus filhos
Nos olhos do Argos-mundo
Ensina os pavões a voar
E alça-te ao tudo-em-que-há-beleza
A infinda rede que agrega
A Substância principal da Natureza
E do que não te-é te cega
Atinge o Ser
Mais do que ser
Premissa de toda arte
Ser feito perfeito
Para a finalidade de representar-te
Mais do que viver, pardalzinho
Existe
Existe
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