terça-feira, 26 de abril de 2011

De novo aquele velho tema...

Oração


Ele criou todos os homens
Em muito menos tempo do que dizem os evolucionistas
Todos, por mais que tenham pai e mãe,
São filhos, também, d’Ele

Sem Ele, não haveria humanidade
Nem animais, nem nada;
E somos gratos a ele
Fazendo Sua vontade

E todos os seres humanos
Sentem n’Ele um prazer
Que nada pode substituir
E desejam-No fervorosamente

Ele é sinônimo de amor,
E se você o tiver em seu coração,
Ele passará através de você, carinhosamente
Trazendo o cumprimento de um objetivo na Terra.

Daí glória ao sexo!

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Da natureza egocêntrica do mais inocente querer.

Olhe ao redor
E imagine todos nus
O que você está vestindo?

Tente imaginar
O seu próprio rosto
É horroroso ou lindo?

Pense na mulher
Mais linda do mundo
Ela está te beijando?

Pense no dinheiro
Que queria ter
Você está gastando?

Existir é mandar no Universo
E exigir obediência

sábado, 16 de abril de 2011

Poesia de fundo de baú [2-2]

Por uma estranhíssima coincidência, ambos os poemas misteriosos foram escritos no mesmo dia (8 de fevereiro deste ano).



Juizo

No veludo Edênico
Claro coro canoro
No terror Ecumênico
Chiado e chocho choro

Quando a densa bruma do fim
Cineses e sentidos do ser priva
Do juízo rígido do serafim
Morto mortal algum se esquiva

O olhar imparcial
Juiz frio da causa humana
Máquina mundial
Divina e mundana

Eleva o bem-aventurado
A um divino, perfeito, eterno alento
E prostra sem dó o que foi condenado
Em tardio arependimento

Poesia de fundo de baú [1-2]

De fundo de baú porque juro que não lembrava de tê-la feito. Estava procurando um outro poema quando achei esse título não famíliar. Fico muito feliz quando meu próprio poema me inspira poesia. Se a ninguém mais, agrado a mim mesmo com o ato de escrever.




Taiga

Minha alma é a Taiga
Previsível
Xenófoba
Só lhe acompanha vivo
O mais bruto animal
A mais forte herbácea
E a aurora boreal

Minha alma é a Taiga
Quieta
Fria
Não cresce, corrompe
Seca, espinhosa
Sequer alimenta
De tão vaidosa

Minha alma é a Taiga
Imponente
Importante
Engolida pelo mundo
Por sua fartura
A civilização
Rouba-lhe a estrutura

Minha alma é a Taiga
Perfumada
Compreendida
Por brutos madeireiros
Que a veem com amor
Que sabem que o calo
É o mestre da dor

sábado, 9 de abril de 2011

Uma fábula Ignóstica

Fluxo

Antes de nascer
Sentei-me no colo do Algo Mais que Houver
E pedi felicidade infinita
O Pai do Vir a Existir, AMH,
Disse que só havia um preço a pagar
Durante toda a minha longa e feliz vida
Quando eu me mexesse,
Meu sangue coalharia nas veias
E, coalhado,
Me mataria.

Como tantos,
Vim à terra destinado, portanto, à vida feliz
Simples, frágil, e feliz
Como os que pedem algo assim
Eu era não pouco avoado

Mas algo surgiu
Que talvez (quem sabe) nem o AMH esperava
Uma porta
Uma possibilidade, uma medula
Bastou uma inspiração de coragem
E cortei-me com voracidade
Jorrou pouco sangue
Voracidade foi pouco

Cortei-me com violência
Com euforia
Com indiferença
Mutilei-me

E logo, começou a bastar
Antes do sangue coalhar
Eu o renovava
A dor pungente, por um segundo me preocupou
Mas AMH cumpriu sua promessa
E logo a dor também era feliz
Pois que tudo é

Entrei em uma faculdade de engenharia
E decidi dedicar minha vida à labuta
Enlouquecer de ofício, explodir de ocupação
E tão rápido quanto tente coalhar meu sangue
Duas vezes mais escorrerá de mim

Mas não acabará
Pois quatro vezes mais rápido será regenerado
Pela medula impaciente
Sathya
Mãe da minha unicidade
Que me deu uma medula infinita
Assim, num fluxo eterno de sangue à terra
Esvazio meu corpo da pena
À insignificante custa de uma silhueta de dor

Se AMH esperava isso
Sabia, ou nem desconfiava
Ou se ele realmente Há
Não se pode saber

Mas não reprimiu meu sucesso
E assim sou infinitamente trabalhador
Por ser infinitamente feliz
E infinitamente feliz
Por ser infinitamente regenerante
E infinitamente regenerante
Porque se não houver Algo Mais, Sathya
Você há, sem dúvida.

"E o sangue que derrama?"
Me perguntaria um jovem politécnico sofredor
Ora, acha que eu escrevo com tinta?

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Poemas-minuto

A vantagem de escrever poemas-minuto é que eles ficam mais bonitos com uma boa sacada do que alguns poemas grandes com dez ou vinte boas sacadas.


Se nós somos o que comemos
Juro que nunca mais faço sexo!


Estou tentando perder
A gordura da coxinha


Eu sou tão distraido
Que as vezes eu percebo uma coisa
Mas não percebo que percebi

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Tributo a Claude Debussy

Prelúdio á tarde de um erudito

Eu quero uma casa de pinho
Quase longe, mas nem tanto
Regada de um aromático vento frio
Quero um lustro no chão
Estantes de mogno
De volumes não lidos
Os lidos que fiquem numa mnemônica caixa
Sob o canapé
Olavo, o ourives
Fernando e suas Pessoas
Meu Pai, Bandeira
Augusto, dos Demônios
e tantos outros, que na poesia
a fama é um detalhe de conveniência
caixas acústicas, se sentindo sortudas
por poderem recitar Debussy,
Chopin nas noites frias de lareira marmórea
Vivaldi só na mais excessivamente lúcida manhã
Beethoven quando insultadas
E Rossini, se faltar inspiração
Quero um robe vermelho
Um copo de conhaque
Só o que eu queria, enfim,
É que o Amor desse mais lugar à Poesia