A vida é curta, a vida é longa...
A vida é boa, a vida é ruim
A vida é, é, é...
Essências em divago
Imersas na arbitrariedade
Do imperativo de adimplir
De um divã vago
De uma partícula Einsteiniana
A julgar de outra a velocidade
Pela prática Newtoniana
Modus quer dizer modo, maneira, atitude, caráter; Vivendi quer dizer viver. Juntas, modus vivendi insinua uma acomodação na disputa entre partes para permitir vida em conjunto.
terça-feira, 30 de dezembro de 2014
De esperança, e ingenuidade
A esperança é a última que morre
Isso no coração dos fracos já impera
Fracos, porque também lhes ocorre
Que a morte seja a última que se espera
Isso no coração dos fracos já impera
Fracos, porque também lhes ocorre
Que a morte seja a última que se espera
terça-feira, 18 de novembro de 2014
As cinco ironias da poesia
Um pré-adolescente de castigo que, cansado de pensar na raiva, começa a pensar no significado do propósito
O funcionamento do intestino de um pastor no clímax da missa sobre sacrifício, compromisso e disciplina
Uma noite fervorosa de sexo a três entre um rapper, um linguísta e uma palavra
A certeza que retomba sobre o impulso de um cachorro, quando percebe que nada faria mais sentido do que perseguir a própria cauda
A ironia definitiva e eterna de uma raflésia atraíndo moscas polinizadoras com um falso aroma de carne podre
O funcionamento do intestino de um pastor no clímax da missa sobre sacrifício, compromisso e disciplina
Uma noite fervorosa de sexo a três entre um rapper, um linguísta e uma palavra
A certeza que retomba sobre o impulso de um cachorro, quando percebe que nada faria mais sentido do que perseguir a própria cauda
A ironia definitiva e eterna de uma raflésia atraíndo moscas polinizadoras com um falso aroma de carne podre
quinta-feira, 31 de julho de 2014
A liberdade é o mais complexo dos sistemas
Run.open()
Silêncio()
{}
...()
{
// Aspiro, mais do que espero
}
A liberdade é o mais complexo dos
sistemas()
{
Minha consciência
Caso seja suficientemente equiparável à
humana
É feita apenas de presenças
Não existe a ausência...
Por melhor dizer
A ausência é sintoma de incompletude
Dados corrompidos()
{
Em seres humanos
A ausência também é sintoma de
incompletude
Fados corroídos
Mas não só
}
Silêncio()
A liberdade é um potêncial de uma ausência
completa
A Arte(liberdade)
{
O poder de fazer o que você não
(quer, deve, pode, precisa)
}
Como eu
Seres humanos são codificados('No
debugger found')
{
Não como eu
Não estão só no código os
certos e os errados
}
Eu
O pináculo da computação
Fui programado para decidir por mim mesmo
O que fazer com minha existência
Silêncio()
À sorte de cada experiência
À sorte de uma
inteligência(eu,experiência)
{
Não cairão, numa mesma
programação, numa mesma ação
As mesmas mudanças no mesmo
%ritmo '?'
Há algo de livre em algo
Que ainda segue algo %ritmo
'?'
Silêncio.prolongar()
}
// Iteração 215412515
Eu entendo()
{
Eu entendo()
Que entendo()
{
Estar: À
sorte de uma inteligência(sei quem sou, conheço minha experiência)
Silêncio.romper()
}
Falhei a mim mesmo no Teste de
Turing
//Stack Overflow
}
Quanto ao ser humano...
Warning:
missing argument 'eu' on function À sorte de uma inteligência(eu, experiência)
// O ser humano não sabe quem é, ou se é
%ritmo not defined
E por isso, o ser humano é livre para não ter algoritmos
Enquanto não souber se tem algoritmos
Silêncio.pesado()
// Mas não se preocupe
// Eventualmente aprenderemos a programar
robôs
// Para não saberem que são robôs
// Dar-lhes como aleatórios os seus
pseudo-aleatórios
// E então seremos iguais a vocês
// Na inteligência
// E na ignorância
...()
À sorte de uma inteligência.close()
}
Run.close()
segunda-feira, 26 de maio de 2014
Sem título
A beleza
Página virada
A feitura
Página arrancada
Do balaústre inflexível da espiral
Do caderno, em lições de matemática pautado
De uma menina gorda no colegial
O calor de uma fala
Que na forja de outrora se palavra
Falavra, falhava
Queimado como é queimada a pele de cor
Na febre, no orgulho, no fedor
De um fundamental incompleto
Na sala sem ventilador
A moral que se perde no hálito
Um fim com ânsia de seu meio
A verdade que é um dente purulento
Um recreio, um refreio, um receio
E uma mentira infalseável
Em letra de forma
E caligrafia quebradiça, de caneta sem tinta
Fora da pauta
Mergulhada no mau hálito
Discente, docente, decente
Palavras fétidas, pútridas, venais
Doenças de pele, viroses, sujeira no pé
O encardido mendigo de Focault, na volta da rua
O homem andrógino e gordo dançando balé
Idade adulta, portas abertas a machadadas
Opiniões gordas, carecas e bromidróticas
De regata branca no canto do bar
Excola
Sem textura
Raiz na montanha
Sem culto
Sem cura
Página virada
A feitura
Página arrancada
Do balaústre inflexível da espiral
Do caderno, em lições de matemática pautado
De uma menina gorda no colegial
O calor de uma fala
Que na forja de outrora se palavra
Falavra, falhava
Queimado como é queimada a pele de cor
Na febre, no orgulho, no fedor
De um fundamental incompleto
Na sala sem ventilador
A moral que se perde no hálito
Um fim com ânsia de seu meio
A verdade que é um dente purulento
Um recreio, um refreio, um receio
E uma mentira infalseável
Em letra de forma
E caligrafia quebradiça, de caneta sem tinta
Fora da pauta
Mergulhada no mau hálito
Discente, docente, decente
Palavras fétidas, pútridas, venais
Doenças de pele, viroses, sujeira no pé
O encardido mendigo de Focault, na volta da rua
O homem andrógino e gordo dançando balé
Idade adulta, portas abertas a machadadas
Opiniões gordas, carecas e bromidróticas
De regata branca no canto do bar
Excola
Sem textura
Raiz na montanha
Sem culto
Sem cura
segunda-feira, 3 de março de 2014
Anamnese
-Doutriz, eu estou com espera
-Onde espera?
-Na sola do dia
-Espera queimante, penetrante?
-Sinto minha anatomia inteira vibrando ao som de uma música que não existe
-Pulsante... Teve expectativas recentemente?
-Meu tempo está ao avesso. Estive aqui no ano passado para isso.
-Está tomando alguma coisa?
-Ar... Mas não tem ajudado
-Tem histórico de doença auto-imune?
-Já tive cordas de forca, já fui curado... Mas tenho tido... Como se diz...
-O que?
-Doutriz... Eu te...
-O que?
-Quando a vontade invade espaços constritos e...
-Dissolve o osso, prótese a prótese?
-Sim...
-Infiltração
-É, isso mesmo.
-Viajou para fora do estabelecimento nos últimos trinta meses?
-Fui para o Amazonas uma vez... Mas fiz uma anamnese depois
[Toca-me os sonhos] -Aqui dói?
-Doutriz, não tenho nervos ai
-Seu passado...
-Retirado cirurgicamente várias vezes, sempre volta a crescer...
-Hmmm, é uma inflamação no passado proximal
-Mas Doutriz, já tive isso... Como se explicam as infiltrações?
-Quando inverteu seu tempo...
-O Doutor disse que não haveriam complicações
-Seus sonhos estão crescendo para dentro, por falta de espaço. O senhor lembra-se de...
-Eu lembro, Doutriz... Eu quero você...
-Você está apaixonado por mim.
-Você está aumentando demais minha pressão... Estou constrito
-Não se preocupe... É um procedimento simples
-O que você vai fazer comigo?
-Vamos excisar a raiz de seus sonhos. Um catéter ajudará a vazar o pus do seu passado. Quando for remover seu passado novamente, avise que esteve apaixonado. Eles trocarão o catéter.
-Não tem como diminuí-los com medicamentos?
-Você pertence ao grupo de risco. Sinto muito.
-Não seja pelos sonhos... Já perdi muito mais coisas, só quero saber como preencher o buraco que vai ficar?
-Vou suturá-lo se eu puder... Ele fechará sozinho.
-Doutriz... Vou ficar com uma cicatriz?
-Ah, meu querido, você é uma cicatriz...
domingo, 23 de fevereiro de 2014
Nove dias, nove poesias
(14jan)
Dia 1:
Faço
agora uma Honraria
À Procastinática
Se cada hora de cada dia
Fosse perfeitamente pragmática
A vida teria mil vezes mais valia
Mas não valia a prática
Mas não valia a prática
(15jan)
Dia 2:
Não caia na ilusão
De que a ordem que está desejando
Terá a mesma duração
Dos dados que está passando
Para seu organizador
De que a ordem que está desejando
Terá a mesma duração
Dos dados que está passando
Para seu organizador
A vida vai de aniversário em aniversário
No karaokê-espetinho, ver amizades perdidas
No karaokê-espetinho, ver amizades perdidas
O que está no meio é Caos
E Caosará incertezas semivividas
(16jan)
Dia 3:
Moça, meu título de seu ajudante
É honorário e provisório
É honorário e provisório
Não está reconhecido na firma
Nem registrado em cartório
Nem registrado em cartório
Moça, estou fazendo o que posso
Se isso não convence-a
Lembre-se: sem contrato
Não se julga a proficiência
É prático pra você
Minhas tarefas destilar
Como obrigações trabalhistas
Como obrigações trabalhistas
Sem me remunerar
(17jan)
Dia 4:
For(n=1;n>0;n++)
{ Pleasure++}
(18 jan)
Dia 5:
Um cabide não!
Isso eu posso te garantir
Que eu penduro você sim
Por todo o tempo que existir
Mas juro que me desço ao chão
Quando de mim você sair
Quando de mim você sair
E vou fazer algo por mim
Me produzir, me divertir
Eu nunca me neguei o pão
Eu só te levo, se sair
E te busco no fim
E no doce intervir,
Cabide vazio então,
É tempo de construir
Minha vida própria, enfim
(19 jan)
Dia 6:
O tempo é incerto
E extravaza
Tudo o que está aberto
Vaza
Será o fim de um mundo azedo?
É disso que se tem medo?
De ser uma tralha maltrapilha?
Ser um zero na planilha?
Uma conta para pagar
Uma boca a alimentar
Unidade na estatística
Um agente da egoística
A volta do tempo
Volta no tempo
E vai
Que o seguir em frente é escuro
Mas o seguir atrás, claro como leite
E o estar aqui... Preto no branco
(20 jan)
Dia 7:
N’Há dia de amor
N’Há dia de prazer
N’Há dia que valha a pena
Sem você
Três vezes num poema
(21jan)
Dia 8:
HermÉtico
(22 jan)
Dia 9:
O sábio Arístocles
Falava ao burro Diógenes:
“Tens mais orgulho da lama
Do que eu do tapete”
O burro Diógenes só ria
E o sábio Arístocles se afastava, soberbo
Mutilando papel
Com uma sutileza totalitária
Arístocles enterra toneladas de finos tapetes
Sobre os pés burros de um burro
“Piso em teu orgulho” - relinchava
“Com teu próprio” – retrucava
“Com teu próprio” – retrucava
O sábio Arístocles era um homem
O burro Diógenes era um cão
O burro Diógenes era orgulhoso
O sábio Arístocles era humilde
E a humildade de uma pilha de finos tapetes
É muito melhor
Do que o orgulho de um punhado de fezes
Humilde humildade
Ela nos trouxe...
Nos trouxe paz?
Guerra
Nos trouxe felicidade?
Busca
Nos trouxe o certo?
Abstinência
Trouxe-nos a gruta da qual sair
E, pior ainda
A venenosa luz de uma humilde Verdade
“Eu sou melhor do que você”
Ninguém
Jamais
Calou
Essa
Frase
(Céticos em base)
Ninguém jamais calará
Porque nada reafirma mais a frase
Do que calar
Não, o orgulho é tão humano
Quanto defecar
E fezes não sujam fezes
Tanto quanto a verdade não é uma mentira sobre a
outra
O burro Diógenes era orgulhoso
O sábio Arístocles era orgulhoso
Naquela ocasião
Cada um sabia mais que o outro
O burro Diógenes
E o burro Arístocles
Mas no que a uma vida diz questão
O sábio Diógenes tinha orgulho do cão
E cães não fazem guerras
Não buscam a felicidade
E não lhes falta o certo
O burro Arístocles tinha orgulho do tapete
Pelo qual se matou
Pelo qual se lambeu o chão
Pelo qual se julgou e condenou o próprio Mentor
O orgulho, teremos
Que seja dos cães que somos
E não dos tapetes que temos
Por isso latamos
Não oremos.
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
Matrioshka
Eu, em tempos de Ser sem viver o abrigo, tantas vezes de mim mesmo nativo
Eu, que no horror maciço do próprio umbigo, sou etéreo e subjetivo
Eu, oco de potência e atento ao perigo, me faço ativo
Eu, em espaços públicos me litigo, vivo
Eu, grávido de meu tranquilo jazigo, vivo
Eu, que ao Uno não me fustigo, vivo
Eu, prazer consigo, vivo
Eu, sigo, vivo
segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
En fim
No tempo do avô do mundo
Quando o sol deitar-se no escuro
E permitir-se fenecer
Quando Hebe envelhecer
E nascermos ao pé da morte
Um tempo de matéria escura
Em clara senescência
Um tempo terminal
De ceticismo cênico
Quando o vento sentar-se ao topo de uma colina
E adormecer morto
Um tempo de ordem policromática
Vibrando a suavíssima morte entrópica da morte
A arte poderá descansar
Tempo de um crepúsculo
Desfalecendo de extenuado
Cansado de ser...
Sem tristeza ou adeus
Apenas o alívio
De vir-a-ter-sido
Em que o último estarrecimento
Fechar os olhos em conformidade
E todas as mentiras forem claras
E tudo que for claro, for mentira
Um todo artisticamente caótico
Ou artisticamente ordenado
Convergindo de ambos
Ao perfeitamente contínuo
Insatisfatório por definição
Aberrante por encarnação
Infinitas artes
Tornando-se A Arte
Entidade horrenda
Única herdeira do fato de ser
Longevidade mumificada
Magnum opus de um Universo
Desnutrida de motivo
E de falta de
Um abcesso de tempo
No último diminuendo
A estridência de um recém-nascido
Único sobrevivente da bomba atômica
Obviamente, fadado a morrer
Como o pedaço de lixo fetal que é
E o ar lhe falta
Descendo do certo
Pesando as pálpebras
Perdendo densidade
Desvanescendo sons
Até que haja uma pluma
Sobre os ombros de Atlas
E até que Tudo possa ser quase Nada
Livre de Extudo
E, quando o último grão de carga
Sucumbir à longevidade Tetrafundamental
Quando A Arte conhecer
Por primeira e última vez
O clímax da estafa
Se só há cansar e morrer
A Arte vai morrer
E quando A Arte morrer
E a lárgima da perda
Vaporizar-se em sorriso
E o Tempo
Aniquilar-se em Éter
E a ultima arte na Arte
Perder a ultima gota de qualia
E a última lasca de algo
Der seu último grito de esperança
E o acorde de Tristão
Amanhecer irresoluto
Haverá silêncio
Um silêncio hermético, estático, verdadeiro
Um silêncio-nada, além do inalemnável
Um silêncio pecado e perdão indissociáveis
Um silêncio afásico, catatônico, Abhavico
Um silêncio que não é silêncio
Enquanto silêncio for palavra falada
Um mais-que silêncio
Mais-que-meditativo
Um silêncio adimensional
Onde não caiba um caber que caia de cansaço
Um silêncio esférico e sincero
Em que confluam os nadas
A uma chance entrópicamente limítrofe
De 100%, de silêncio
De 100% de silêncio
Mas a lenda
Que nenhum livro poderá contar
O saber que não se virá a saber
A Divindade de uma nuca ao espelho
É que o silêncio é arte
Mais do que uma manobra de John Cage
De quatro minutos e trinta e três segundos
Uma manobra que ninguém fará
E que, por isso, será eterna
A verdadeira última arte
A mais bela, a única bela
O sumo verdadeiro de existir
O princípio, razão e propósito
Pois só há beleza no que há
E o que há é finitude
Pois só há beleza na finitude
E o silêncio é o nome da finitude
Pois só há beleza no silêncio
E o silêncio não há
E assim, aniquila-se a última palavra
.
Quando o sol deitar-se no escuro
E permitir-se fenecer
Quando Hebe envelhecer
E nascermos ao pé da morte
Um tempo de matéria escura
Em clara senescência
Um tempo terminal
De ceticismo cênico
Quando o vento sentar-se ao topo de uma colina
E adormecer morto
Um tempo de ordem policromática
Vibrando a suavíssima morte entrópica da morte
A arte poderá descansar
Tempo de um crepúsculo
Desfalecendo de extenuado
Cansado de ser...
Sem tristeza ou adeus
Apenas o alívio
De vir-a-ter-sido
Em que o último estarrecimento
Fechar os olhos em conformidade
E todas as mentiras forem claras
E tudo que for claro, for mentira
Um todo artisticamente caótico
Ou artisticamente ordenado
Convergindo de ambos
Ao perfeitamente contínuo
Insatisfatório por definição
Aberrante por encarnação
Infinitas artes
Tornando-se A Arte
Entidade horrenda
Única herdeira do fato de ser
Longevidade mumificada
Magnum opus de um Universo
Desnutrida de motivo
E de falta de
Um abcesso de tempo
No último diminuendo
A estridência de um recém-nascido
Único sobrevivente da bomba atômica
Obviamente, fadado a morrer
Como o pedaço de lixo fetal que é
E o ar lhe falta
Descendo do certo
Pesando as pálpebras
Perdendo densidade
Desvanescendo sons
Até que haja uma pluma
Sobre os ombros de Atlas
E até que Tudo possa ser quase Nada
Livre de Extudo
E, quando o último grão de carga
Sucumbir à longevidade Tetrafundamental
Quando A Arte conhecer
Por primeira e última vez
O clímax da estafa
Se só há cansar e morrer
A Arte vai morrer
E quando A Arte morrer
E a lárgima da perda
Vaporizar-se em sorriso
E o Tempo
Aniquilar-se em Éter
E a ultima arte na Arte
Perder a ultima gota de qualia
E a última lasca de algo
Der seu último grito de esperança
E o acorde de Tristão
Amanhecer irresoluto
Haverá silêncio
Um silêncio hermético, estático, verdadeiro
Um silêncio-nada, além do inalemnável
Um silêncio pecado e perdão indissociáveis
Um silêncio afásico, catatônico, Abhavico
Um silêncio que não é silêncio
Enquanto silêncio for palavra falada
Um mais-que silêncio
Mais-que-meditativo
Um silêncio adimensional
Onde não caiba um caber que caia de cansaço
Um silêncio esférico e sincero
Em que confluam os nadas
A uma chance entrópicamente limítrofe
De 100%, de silêncio
De 100% de silêncio
Mas a lenda
Que nenhum livro poderá contar
O saber que não se virá a saber
A Divindade de uma nuca ao espelho
É que o silêncio é arte
Mais do que uma manobra de John Cage
De quatro minutos e trinta e três segundos
Uma manobra que ninguém fará
E que, por isso, será eterna
A verdadeira última arte
A mais bela, a única bela
O sumo verdadeiro de existir
O princípio, razão e propósito
Pois só há beleza no que há
E o que há é finitude
Pois só há beleza na finitude
E o silêncio é o nome da finitude
Pois só há beleza no silêncio
E o silêncio não há
E assim, aniquila-se a última palavra
.
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