segunda-feira, 26 de maio de 2014

Sem título

A beleza
Página virada
A feitura
Página arrancada
Do balaústre inflexível da espiral
Do caderno, em lições de matemática pautado
De uma menina gorda no colegial

O calor de uma fala
Que na forja de outrora se palavra
Falavra, falhava

Queimado como é queimada a pele de cor
Na febre, no orgulho, no fedor
De um fundamental incompleto
Na sala sem ventilador

A moral que se perde no hálito
Um fim com ânsia de seu meio
A verdade que é um dente purulento
Um recreio, um refreio, um receio

E uma mentira infalseável
Em letra de forma
E caligrafia quebradiça, de caneta sem tinta
Fora da pauta
Mergulhada no mau hálito
Discente, docente, decente

Palavras fétidas, pútridas, venais
Doenças de pele, viroses, sujeira no pé
O encardido mendigo de Focault, na volta da rua
O homem andrógino e gordo dançando balé

Idade adulta, portas abertas a machadadas
Opiniões gordas, carecas e bromidróticas
De regata branca no canto do bar

Excola
Sem textura
Raiz na montanha
Sem culto
Sem cura

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