sexta-feira, 5 de julho de 2013

Nua

Nua


Sabe-se que o pano é o pai da nudez
Pés nus a valsar no liso chão polido
Na certeza dérmica, um monstro abatido
Que dança esfolâncias e sangra sua tez

Nadia, amada Nadia, que luz te reluz?
Em que porto morre esse fio que te veste?
Em que curva rústica esconde tua peste?
Em que chaga vai, crista nua, à tua cruz?

Em que aspecto vai sola à tua sapatilha?
Em que liso passa a bochecha tremendo?
Em que frio te veste e em que quente de ardendo
Espelhais o sol fogueando, e fervilha?

Dançando sempre, nua ao pé da minha cama
Teu corpo me odeia, mas teu nu me ama

Sua indulgência é ser de alma tão Branca e crua
Que me falte, qual padre B do pretérito
A motivação de abrir meu Santo Inquérito
Na parte em que se declara "ela está nua!"

Nadia, não é certo que esteja vestida
Que a sua peça é a exposição declarada
De uma bailarina que escorre deitada
Se abre docemente, sem medo da vida

São nuas as brasas, as casas, as cores
Nuas são estradas e fadas do amor
Nua é a casca branca que estanca sem dor
Nuas são as ruas, as luas, as flores!

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