domingo, 7 de julho de 2013

Efeito Pigmalião

Efeito Pigmalião



Esqueça-se de si
Quando eu disser "você"
Você, meu "você", é mais de mim
Que a Mona Lisa é mais Da Vinci
Que da Gioconda
"Você", amor, é minha arte
Uma homenagem de minha parte
Ao que esperava de quem você não é
Do mármore vivo
Que vejo no chão
Faço meu reino
De Pigmalião
E "Você", Galateia
Será sempre a mentira da pedra
Uma mulher rígida, estática, bela, fria e nua
Eternamente estendendo seus braços para mim
Por mais que eu lhe abrace
Beije, ame, grite, chute
Seu sorriso vive
E seus braços
Eternamente
Estendidos a mim



Não é como as outras
As vocês por aí...
Fracas, ferventes, frágeis
Explosivas, abruptas, tangíveis
Flores murchas, mortas, pisadas
Encolhidas no canto do meu quarto
Com medo de mim
O homem de barro
E sua mulher de pedra
Dois trogloditas do mundo moderno
Unidos por rocha e água
Sem ódio e sem mágoa
Só amor, raiva e risadas



Ah, Afrodite
Onde estás, Afrodite
Deusa que me sabe guerreiro
A cada puxão de ar
Mãe da minha vida na pedra
Mãe do sobrevivar
Desce de tua 
E faz meu amor verdadeiro



Da vida à minha Galateia
A mulher que com a mente moldei
A jóia de pedra-fogo
De cujo amor me vogo
Eu espero a vida
Mas a traga incontida
Escura, rígida, nua e livre
Mas viva
E viva, Galateia
Viva Galateia
A meulher
Que juntos
Firmaremos raízes de aço
No chão do mundo
E seremos
Serenos
Ser e nós
Nós
E nó
Ó
Afrodite!



Vive-me os desejos
Enquanto eu dormir
E com eles sonhar
Vive-me o ato de realizar

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