Efeito Pigmalião
Esqueça-se de si
Quando eu disser "você"
Quando eu disser "você"
Você, meu "você", é mais de mim
Que a Mona Lisa é mais Da Vinci
Que da Gioconda
"Você", amor, é minha arte
Uma homenagem de minha parte
Ao que esperava de quem você não é
Do mármore vivo
Que vejo no chão
Faço meu reino
De Pigmalião
E "Você", Galateia
Será sempre a mentira da pedra
Uma mulher rígida, estática, bela, fria e nua
Eternamente estendendo seus braços para mim
Por mais que eu lhe abrace
Beije, ame, grite, chute
Seu sorriso vive
E seus braços
Eternamente
Estendidos a mim
Não é como as outras
As vocês por aí...
As vocês por aí...
Fracas, ferventes, frágeis
Explosivas, abruptas, tangíveis
Flores murchas, mortas, pisadas
Encolhidas no canto do meu quarto
Com medo de mim
O homem de barro
E sua mulher de pedra
Dois trogloditas do mundo moderno
Unidos por rocha e água
Sem ódio e sem mágoa
Só amor, raiva e risadas
Ah, Afrodite
Onde estás, Afrodite
Onde estás, Afrodite
Deusa que me sabe guerreiro
A cada puxão de ar
Mãe da minha vida na pedra
Mãe do sobrevivar
Desce de tua
E faz meu amor verdadeiro
Da vida à minha Galateia
A mulher que com a mente moldei
A mulher que com a mente moldei
A jóia de pedra-fogo
De cujo amor me vogo
Eu espero a vida
Mas a traga incontida
Escura, rígida, nua e livre
Mas viva
E viva, Galateia
Viva Galateia
A meulher
Que juntos
Firmaremos raízes de aço
No chão do mundo
E seremos
Serenos
Ser e nós
Nós
E nó
Ó
Afrodite!
Vive-me os desejos
Enquanto eu dormir
Enquanto eu dormir
E com eles sonhar
Vive-me o ato de realizar
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