quarta-feira, 12 de junho de 2013

Velado

Velado

Hoje eu não quero falar de amor
Dar fetiches de melaço aos jovens excitados
Hoje eu não quero falar de poesia
Batendo a bandeira em colegas passados
Hoje eu não quero essa filosofia
Perder-me em símbolos mal temperados
Hoje me recuso a falar de dor
O "é isso mesmmo" dos desencantados

Hoje
Estou cansado e focado
Pensando em comida
De braços cruzados detrás das costas
E respirando macio
Hoje
Minha alma é terracota
E guardará para sempre o reino de um silêncio
Não o silêncio do recém-órfão
Mas o do glutão entre garfadas
Não é não ter o que dizer
É não querer

Hoje
O orgulho me tange menos que a rosa
Que me tange menos que o pântano
Que me tange menos que o tanger
Que me tange menos que a linha reta espiral sem fuga
Que infalivelmente volta ao lugar do qual nunca saiu
Cansada de tanger

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