quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Relíquias esquecidas numa folha velha [3-3]

Comédia

Ó Dante, irmão!
Como ti, os vi, os mortos!
Ai, meu coração!

Virgílio foi teu
Guia nos caminhos tortos
E fostes o meu

Levou-me ao profundo
Ver almas de pecadores
No abismo do mundo

Nós vimos então
Penas de indizíveis dores
Sobre gerião

Chorei na Judeca
E mestre, me reprimiste
Chorar por quem peca

Então desçubimos
Pelos pelos do rei triste
E de lá saímos

Subimos montanha
Onde os que purga pediram
Recebem por manha

Ouvimos corais
Dos gratos que não caíram
E felizes ais

Vi invejosos cegos
Glutões, tântalos famintos
E os de inflados egos

Nos jardins do Éden
Infindos frutos distintos
À morte não cedem

E eis que, mestre Dante
Deixa-me aos cuidados Dela
Dama rutilante

Nadia é seu nome
Leva-me ao céu em luz bela
Logo a terra some

Por áureos espaços
Cantos de verdade vi
De almas em enlaços

Aos olhos mortais
Por bem, amor, não sorri
O brilho é demais

Logo eu, pré-funéreo
E os julgáveis olhos meus
Contemplam o etéreo

Mais alto possível
Me afaga a imagem de Deus
O resto é indizível

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