domingo, 16 de outubro de 2011

O sentido da vida.

Ser

Vejo minha vida
Como que numa caverna
Perdoe-me Platão
Mas não há uma área externa

Todo dia que vem
Passo o dia a escavar
O buraco que é
A caverna a alargar

Quando eu me canso
De cavar como uma lesma
A caverna, à noite
Desaba sobre si mesma

Todo dia que há
Eu só cavo, sem cessar
E até percebo
Que é sempre o mesmo lugar

Sombra de si mesma
A vida não tem sentido
O que faz-se em dia
Vê-se a noite destruido

A vida é Penélope
E a morte sua pretendente
Mas sua esperança
Odisseu, morreu doente

Tomados uns dias
Para fitar o vazio
Cansaço esvair
Aos poucos me alivio

Com súbito espanto
Me giro adentro de mim
Vejo, boquiaberto
Espaço branco sem fim

Em vez de cavar
Em falso em rocha divina
Projeto, desenho
E crio vida genuína

Bilhões de Universos
Onde um segundo é uma era
A felicidade
Que se queira ter, impera

Mundos de cristal
Tempo e amor infinitos
Mundos de papel
Com pensamentos transcritos

Parques e florestas
Infindos seres e plantas
Civilizações
Suas meretrizes e santas

Porque então dizer
Que a vida não tem propósito
Se dentro de mim
Há um infinito depósito?


Em vez de cavar
Dentro de um nada sem fundo
Faço-me meu tudo
Sou o Deus de meu próprio mundo



Um comentário: