Minha poesia
Certo dia
Meu ego
Sem camisa, de óculos escuros
E sujo de caldo de feijão
Veio me dizer
Que a poesia que escrevo é ruim
Eu, de roupão e dentes escovados,
Inicialmente discordei,
Discuti, argumentei,
Botei os gnomos no meio
Teria partido no tapa
Com meu próprio ego
Mas surgiu
O mais inesperado
Dos amigos
Meu ID
Vestindo um cacto e um falo
Com um olho furado
Por uma caneta gasta
Acompanhado por seu infinito
Harém de terracota
E disse, cuspindo sílabas:
“Não é 'a poesia que escrevo'
É a 'minha poesia'”
Nunca vi criatura mais envergonhada
Que meu ego naquele momento
Sem camisa
Escondeu o rosto em Manuel Bandeira
E correu
Como se pudesse deixar
A humilhação para trás
Desde então, ando escrevendo mais.
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