Dança dos quereres
lamento em três atos
Despertar
Quando certa manhã
Guilherme Antonini acordou
Guilherme Antonini acordou
De expectativas vazias
Encontrou-se em sua percepção
Transformado numa mentira monstruosa
Estava deitado sobre suas solidões duras como existir
Transformado numa mentira monstruosa
Estava deitado sobre suas solidões duras como existir
E, ao levantar um pouco o ânimo
Viu a compreensão alheia abaulada
Viu a compreensão alheia abaulada
Marrom
Dividida por abstrações tortuosas
No topo do qual o bem-querer
No topo do qual o bem-querer
Prestes a desistir de vez
Ainda mal se sustinha
Suas numerosas idéias
Lastimavelmente vagas
Em comparação com o resto do mundo
Tremulavam desamparadas
Diante de seus olhos
Bicardíaca
Diante de seus olhos
Bicardíaca
Que perna faz uma dançarina?
Que pétala faz uma flor?
Que pedra faz uma mina?
Que coração faz um amor?
Amor não se tem
Amor de certo não se é
Amor, por pouco dizer, se são
Dois amores em dois irmãos cardiossimbióticos
Um por um dois corações arrítmicos, caóticos
Um por um dois corações arrítmicos, caóticos
Unos, sincrônicos em toda dimensão
Um deles por certo é a fé
O outro, estar-sem
Com cada um em um pé
Por ti sinto amores mátrios
A Deusa de minha fé
Distante de quatro átrios
A Deusa de minha fé
Distante de quatro átrios
O lago dos cisnes
Pirouette, ronde de jambe, tendu, plié
Ziguezagueia, à terre e en l'air
Quebra o violino, volta o Relevé
Está delegado o papel de seu pair
Passo e volta
Viver sem
Passa e volta
Solta e tem
Às duras luzes de um balé russo
O cisne negro do ter me seduz
Tu, fé, se perde, belo cisne ruço
E não volta nem com outro cristo em cruz
Estar-sem
Marca os passos
Fé que se tem
Sem fracassos
Às puras luzes de um balé franco
Luzes que luzem em rubra coleur
Puros amores beijam sangue branco
É Sang du coeur, é sang deux coeur...
Nenhum comentário:
Postar um comentário