(14jan)
Dia 1:
Faço
agora uma Honraria
À Procastinática
Se cada hora de cada dia
Fosse perfeitamente pragmática
A vida teria mil vezes mais valia
Mas não valia a prática
Mas não valia a prática
(15jan)
Dia 2:
Não caia na ilusão
De que a ordem que está desejando
Terá a mesma duração
Dos dados que está passando
Para seu organizador
De que a ordem que está desejando
Terá a mesma duração
Dos dados que está passando
Para seu organizador
A vida vai de aniversário em aniversário
No karaokê-espetinho, ver amizades perdidas
No karaokê-espetinho, ver amizades perdidas
O que está no meio é Caos
E Caosará incertezas semivividas
(16jan)
Dia 3:
Moça, meu título de seu ajudante
É honorário e provisório
É honorário e provisório
Não está reconhecido na firma
Nem registrado em cartório
Nem registrado em cartório
Moça, estou fazendo o que posso
Se isso não convence-a
Lembre-se: sem contrato
Não se julga a proficiência
É prático pra você
Minhas tarefas destilar
Como obrigações trabalhistas
Como obrigações trabalhistas
Sem me remunerar
(17jan)
Dia 4:
For(n=1;n>0;n++)
{ Pleasure++}
(18 jan)
Dia 5:
Um cabide não!
Isso eu posso te garantir
Que eu penduro você sim
Por todo o tempo que existir
Mas juro que me desço ao chão
Quando de mim você sair
Quando de mim você sair
E vou fazer algo por mim
Me produzir, me divertir
Eu nunca me neguei o pão
Eu só te levo, se sair
E te busco no fim
E no doce intervir,
Cabide vazio então,
É tempo de construir
Minha vida própria, enfim
(19 jan)
Dia 6:
O tempo é incerto
E extravaza
Tudo o que está aberto
Vaza
Será o fim de um mundo azedo?
É disso que se tem medo?
De ser uma tralha maltrapilha?
Ser um zero na planilha?
Uma conta para pagar
Uma boca a alimentar
Unidade na estatística
Um agente da egoística
A volta do tempo
Volta no tempo
E vai
Que o seguir em frente é escuro
Mas o seguir atrás, claro como leite
E o estar aqui... Preto no branco
(20 jan)
Dia 7:
N’Há dia de amor
N’Há dia de prazer
N’Há dia que valha a pena
Sem você
Três vezes num poema
(21jan)
Dia 8:
HermÉtico
(22 jan)
Dia 9:
O sábio Arístocles
Falava ao burro Diógenes:
“Tens mais orgulho da lama
Do que eu do tapete”
O burro Diógenes só ria
E o sábio Arístocles se afastava, soberbo
Mutilando papel
Com uma sutileza totalitária
Arístocles enterra toneladas de finos tapetes
Sobre os pés burros de um burro
“Piso em teu orgulho” - relinchava
“Com teu próprio” – retrucava
“Com teu próprio” – retrucava
O sábio Arístocles era um homem
O burro Diógenes era um cão
O burro Diógenes era orgulhoso
O sábio Arístocles era humilde
E a humildade de uma pilha de finos tapetes
É muito melhor
Do que o orgulho de um punhado de fezes
Humilde humildade
Ela nos trouxe...
Nos trouxe paz?
Guerra
Nos trouxe felicidade?
Busca
Nos trouxe o certo?
Abstinência
Trouxe-nos a gruta da qual sair
E, pior ainda
A venenosa luz de uma humilde Verdade
“Eu sou melhor do que você”
Ninguém
Jamais
Calou
Essa
Frase
(Céticos em base)
Ninguém jamais calará
Porque nada reafirma mais a frase
Do que calar
Não, o orgulho é tão humano
Quanto defecar
E fezes não sujam fezes
Tanto quanto a verdade não é uma mentira sobre a
outra
O burro Diógenes era orgulhoso
O sábio Arístocles era orgulhoso
Naquela ocasião
Cada um sabia mais que o outro
O burro Diógenes
E o burro Arístocles
Mas no que a uma vida diz questão
O sábio Diógenes tinha orgulho do cão
E cães não fazem guerras
Não buscam a felicidade
E não lhes falta o certo
O burro Arístocles tinha orgulho do tapete
Pelo qual se matou
Pelo qual se lambeu o chão
Pelo qual se julgou e condenou o próprio Mentor
O orgulho, teremos
Que seja dos cães que somos
E não dos tapetes que temos
Por isso latamos
Não oremos.