quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Padrão, assimilação e quebra

Lapso

Espinafre, rabanete
Espinafre, rabanete
Espinafre, rabanete
Espinafre, beterraba

Inspirações de Nietzsche

As três pragas do Ser

I

Quando a felicidade está, ela não é.
Quando a felicidade é, ela não está.

Pobre ser humano
Inquieto oscilador
Precisa do estado daquilo

Que estando não é senão dor

Pobre ser humano
Errático harmônico
Quando algo é certo e bem feito
Lhe escapa o estado de proveito

Pobre ser humano
Quebra cabeça sem fim
Num curto circuito dos fios
Tecendo o pano

II

O fantasma do tempo
Ronda o ponto de fuga da História
E lembra o perfeccionista
Das duas misérias do Absoluto

Incerto
Infinito

Corre qual um fusca embrutecido
Bufando arquejos, caindo
Nosso universo na margem aberto
Infinincerto

Diluindo a Existência no infinito
E a qualidade no incerto
Diluindo longe o que está perto
Mar Tenebroso que cai, maldito

Nadaenfim

III

Sede senil de serventia
Podre piada pueril
Gado magro, só adubeiro
Que o próprio esterco o orgulho lustra

Vê a indulgência dar valia
À irrealização senil
Mas quer a fé o pastor campeiro
Sem a fé o improvável frustra

O que uma tribo não sabia
É que à outra é igualmente vil
Todas em encaixe certeiro
Assim falava Zaratustra

IV

A última praga não é uma praga
Mas o nome da esperança
Esperança gasosa, infinitamente fluída
Invisível, impalpável, insípida, feia, sem sentido

Mas finita
E certa

O ar frio erêbico do algo

Algo de luz que a vida aflora

É o pedacinho que sobrou

Na caixa escura de Pandora