segunda-feira, 26 de março de 2012

Mais uma apostrofe à menina Kafka

Meu silêncio é uma ilíada em branco
E minha voz é a expressão da queda desajeitada no tortuoso barranco

Mas meu pensamento, ah, menina, menina que não me ouve!
Menina que não ouve sequer meu silêncio contemplativo
Meu pensamento é um mundo só meu
E como o mais louco dos imperadores
Salto vorazmente do trono
Para fazer de meu mundo seu palácio de ventura
E não o meu

E por mais que eu abuse dos futuros do pretérito
Não há nome mais para o meu tempo
Senão 'presente'
Presente que não te dou, que não te peço
Presente que não me faço em nada que seja você
Presente você, apenas, no nada que nada é

quinta-feira, 22 de março de 2012

O caderno preto [45-45]

Esotu isolado
Mas não estou do outro lado
Estou igualado
Estou igual lado
Estou iso lado

O caderno preto [44-45]

Tinham tantas coisas no meio do caminho
Que melhor foi chamar a metade do caminho
De fim do caminho
E abraçá-lo como quem abraça um vaso sanitário para vomitar

O caderno preto [43-45]

Harmônico

Eu sou só um
Eu sou um só
Eu, um, sou só
Um, eu sou só

Dois, nós somos fracos
Nós dois somos fracos
Nós somos dois fracos
Nós somos fracos, dois

Não sabemos ser três
Não sabemos três ser
Não-três sabemos ser
Três, não sabemos ser

Infinitos sou

terça-feira, 13 de março de 2012

Quadrinha, espelho do meu pensar de hoje



Dinheiro compra felicidade
Mas é que sai um midas de caro
Melhor comprar um pouco de humildade
Bem aplicada a cobrir o faro

sexta-feira, 2 de março de 2012

Caprichos de boa inspiração

Fulmina na incandescente fornalha da arte
E nasce
O poeta

Nasce, mas já existia
Tal qual o ferro no minério
No ventre do empíreo o havia