domingo, 27 de março de 2011

O risco, e o valor

    A pausa que tomei na construção deste eterno sarau de conhecimentos foi função da necessidade de eu me reacostumar com uma rotina de trabalho estressante por natureza, e muito omissa. Ando sem tempo, e quando tenho tempo, sem interesse pela aculturação. Mas isso foi por algumas semanas, até que eu me reacostumasse com o trabalho. Eu detesto parar de trabalhar. Em primeiro lugar, porque não sou feliz quando não trabalho: mudar o mundo incessantesmente é minha razão de ser, e fico deprimido e existêncialmente cansado quando não estou trabalhando; em segundo lugar, porque depois, quando eu quiser voltar ao trabalho, preciso me reacostumar. Não gosto de ficar sem atividade nem nos fins de semana, que já são bem extensos para mim. Feriados são aberrações, e férias são impensáveis. Me chamem de louco, talvez eu concorde, mas eu simplesmente não quero mais parar. Não posso mais.
   Voltei à oficina, tive minha primeira aula de violino, e estou retomando a produção poética, mesmo que agora eu devesse estar dormindo. Dormir é para quem gosta de ócio. Espero fazer mais amigos que possam ler estas linhas, pois por mais acostumado que eu esteja com a solidão, ela não faz mais parte dos meus planos.

O valor de um segundo

O som de diamante se estilhaçando
O gosto de prata escura, escória
Cai Alexandre no mármore brando
Volve a dourada escada à sua memória

No alto risco, especulações
Pega a falésia de um gráfico ao céu
Como a que agora vê em suas ações
Que o leva de volta ao mundo cruel

Paisagens minimalistas fugindo
Carros esporte a todo motor
Tudo em tempo infinitesimal indo

Acidentado mundo dos valores
Como a própria vida, é causador
De venturas, e um segundo após, dores!