sábado, 25 de dezembro de 2010

Adequando meu estilo

Adequação


É difícil ser humano
O aventalado diz
“Só com mil maçãs por dia
Um homem será feliz”

Ainda por outro lado
Me vem outro aventalado
“Três vezes ao dia escove
Ou ficará careado”

Diz-me então o batinado
“Dê uma hora do seu dia
À memória do Senhor
Ou fica a alma vazia”

Vem o da bandeira verde
Me dizer mais mil asneiras
“Cale a carne, apague a luz
E evite as torneiras”

Ainda têm o letrerrão
A berrar no meu ouvido
“Leia todos os jornais
Ou será embrutecido”

Diz-me então o mentorzão
Para piorar o tema
“Estude sua vida toda
Ou verá miséria extrema”

Depois tem o Stalineiro
A dizer, brandindo mil
“Pague bem ao mais humilde
Igualdade no Brasil!”

Vem então o descanseiro
Dizendo que não me prive
"Se estressando desse jeito
Não é assim que se vive"

Segue-se o suspeiteiro
A berrar, incomformado
“Duvide de tudo e todos
Ande sempre preparado”

E por fim o smokinado
Com um tom experiente
“Fale baixo e fique quieto
Seja sempre, enfim, decente”

Concluí que o ser perfeito
Meus senhores e senhoras
Vive onde o dia tenha
Umas cento e vinte horas!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Sobre questões existenciais

        Obnóxio  



Grão dos diversos dos grãos universos
Cada grão é redutível a zero
No tudo vivo, sob nada impero
Frente a montanhas de grãos tão diversos

O ser humano é um grão de planeta
Cada planeta é no sistema um grão
Sistema é um grão de galáxia, e então,
            Ela é grão na eterna parede preta

            Tendo a nada como todo ser vivo
            Num tudo que não acaba ou começa
            Mas a que isso é um incentivo?

            Antes ser louco e por isso ativo
            Antes pregar em mim mesmo uma peça
            Sou um Deus-Grão de amor-próprio excessivo!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

E o medo se modernizou...

235<1

Um interruptor gigante
Caiu um Hiroshima
E as pessoas inocentemente
Achando que era uma bomba!

O nosso medo

Chuva negra de nêutrons

Em um setembro primeiro
O Universo declarou guerra
Como só havia Universo no Universo
Declarou guerra a si mesmo.
Obviamente não havia, não há parte a culpar
Numa guerra total
Deus chorou pela primeira vez
Não por causa da guerra
Mas por ver que o Universo estava viciado nela
Chorou de cada olho uma lagrima
Duas gotas num beligerante universo
A lenta ação da morte
Andava distraída por Hiroxima
Morreu a lentidão
Um segundo de segundo após a detonação
Uma bomba nuclear mata todo ser vivo a quilômetros do ponto de impacto [em seis segundos
Mas Deus é Omnisábio
Diante de tanto poder
O Universo foi atingido pelo mais poderoso dos silenciadores
O medo
Assassino de assassinos
O pequeno garoto Universo
O próprio Universo que declarara guerra a si
Tremeu de medo de si
A morte da lenta morte não causou caos
Mas uma nova ordem universal
Baseada em um medo que nenhum totalitarismo jamais sonhou causar